segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Dia 14

Nosso dia começou muito cedo, um frio desgraçado de 4 graus negativos nos atacava na saída de Macusani, cidade mais alta que dormimos, alguma coisa perto de 4300m de altura.

O dia se resumiria a descer montanha e, pelas informações obtidas pelo nosso guia Ruben junto aos engenheiros das obras nas estradas, pegaríamos alguns trechos muito ruins pela frente.

Em pouco mais de uma hora, descemos de aproximadamente 4300m a 600m acima do nível do mar e chegamos na selva amazônica peruana. A diferença climática também foi absurda, mudamos as roupas de frio e colocamos peças mais leves para aguentar o clima quente e úmido de baixo.

O nosso guia Ruben Ortiz mantinha contato com o Consórcio Intersur, responsável pelas obras daquele trecho, e eles sabendo da nossa passagem nos receberam muitíssimo bem em um de seus grandes acampamentos, nos deram café da manhã e nos levaram para uma sala de reuniões, onde nos mostraram uma apresentação sobre a construção do Tramo 4 da Carretera Interoceanica, seus impactos, objetivos, etapas cumpridas, projetos sociais etc., enquanto alguns quilômetros à frente os trabalhadores limpavam uma zona de "derrumbre" para a liberação da nossa passagem.

Devemos prestar reconhecimento a essas empresas brasileiras e a seus funcionários que, corajosamente, desbravam zonas hostis e dedicam seu esforço e trabalho a desenvolver regiões difíceis de enfrentar.

Agradecimento especial ao Brício Torres, gerente geral, ao José Roberto dos Santos, gerente societário financeiro, e aos engenheiros Elmir Kleber e Vinícius pela simpatia e receptividade. Também aos grupos Andrade Gutiérrez, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, que formam o Consórcio Intersur.

Fomos liberados, um carro do consórcio foi abrindo caminho passando pelo pior trecho que poderíamos imaginar. Uns 30km de muita, mas muita lama. Resultado das chuvas dos últimos dias que atrapalharam as obras e que nos impediriam de passar se não fosse a atuação do nosso guia Ruben e a boa vontade e camaradagem das pessoas do Consórcio Intersur que foram sensacionais.

A tensão era grande, o medo de atolar também. Por vários momentos achei que ficaríamos na lama, mas no final deu tudo certo. Ou quase certo. Porque no final do trecho de lama, os dois primeiros carros escolheram a trilha errada e atolaram na passagem de um riacho e tiveram de ser rebocados.

Continuamos a jornada e no começo da noite chegamos em Puerto Maldonado para pernoitar.

O sentimento era uma mistura de cansaço, nostalgia e ansiedade, pois no dia seguinte voltaríamos para casa...
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Trecho antes do acampamento.


Caravana estacionada dentro do acampamento.


Foto com os amigos do Consórcio Intersur.


Muita lama e, ainda, tráfego de caminhões.


Escapamos da lama, mas não do riacho...

3 comentários:

  1. Uma pergunta. Tem de ter um guia para ir junto? Desde onde?
    Vcs acham seguro ir num carro só fazer essa viagem?
    Abraço

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  2. Orlando,
    Também fiz parte desta expedição. Não é que não seja seguro fazer esse roteiro num único veículo ou até de moto. Na maior parte, as estradas possuem excelente condição, salvo o trecho Puerto Maldonado até perto até Marcapata e também de Azángaro até Mazuco (volta), pois o trabalho das máquinas é intenso e normalmente este trecho fica fechado para tráfego durante todo o dia, sendo liberada a noite. Nosso guia Ruben, conhecedor profundo da região, conhece os responsáveis pela construção da estrada (Consórcio Intersur e Conirsa, formados por empreiteiras brasileiras) e frequentemente consegue licença para passar, inclusive guiado por batedores dos consórcios. Além disso é conhecedor dos trâmites nas fronteiras, onde é comum se perder grande parte do dia nos verdadeiros emaranhados de pápeis, etc, as vezes com o intuito de receber propina. Infelizmente encontramos isso, principalmente na Bolívia. Tendo alguém conhecido é um "abre portas" imediato. Além disso nosso guia conhece toda a história destes povos antigos, sendo comum, pelo rádio, nos dar informações de locais históricos, eventos passados que são importantes, os quais ficaríamos sem essas informações, isso sem ser preciso parar os veículos. Nos locais dos passeios já fazia a seleção do que era viável fazer e por preços mais em conta. Com certeza, valeu a pena tê-lo conosco. Repito, se alguém quiser se aventurar sozinho, tem de fazer prévios estudos do que quer encontrar sob pena de passar por coisas relevantes sem conhecê-las. Me lembro de um momento que passávamos por um trecho entre Abancay e Nazca (Chaullanta) e pelo rádio fomos informados pelo Ruben que na paisagem por onde estávamos passando se deu a última batalha entre o exército de Simon Bolívar e os espanhóis, os quais foram derrotados. É uma ravina longa circundada por montanhas e ficamos imaginando os embates corpo a corpo que se travaram no local. Neste momento não deixamos de sentir algo diferente ao saber daquela informação. Nunca perdemos tempo para achar bons hotéis ( e baratos)e boas comidas pois ele já tinha essas informações. Se você pretende fazer esse roteiro sozinho ( e pelo seu espírito aventureiro parece-me tentado) entre em contato com ele (ruben.suarez01@hotmail.com). Tenho certeza de que ele vai te dar excelentes dicas.
    Um abraço
    Em tempo: sou pai do El vareda

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  3. Ednaldo, obrigado pela dica. Já entrei em contato com o Ruben. Aguardo a resposta dele.
    Haveria a possibilidade de vcs, por e-mail, me darem algumas informações que preciso? Ficaria muito grato. piraidosul@uol.com.br é o meu mail.
    Mais uma vez parabéns pela viagem e pelos relatos.
    Abraço grande.

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